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Respeito o
pastor Silas Malafaia. Gosto de suas argumentações sobre a defesa da vida e dos
valores morais esposados na Palavra de Deus. Considero Malafaia uma pessoa
preparada para representar os evangélicos em audiências públicas a respeito do
PLC 122, do aborto, etc. Tenho também amigos na igreja pastoreada por ele: a
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, na Penha-RJ.
Foi por tudo isso que
sempre evitei citar o nome de Malafaia, neste blog. Mas tenho uma palavra para
ele e acredito que não ficará indignado contra mim, haja vista ser a minha
mensagem bíblica e respeitosa.
Assuntos
administrativos que envolvem pastores de uma denominação devem ser tratados
internamente, visto que a igreja local tem competência para julgar suas causas,
à luz da Bíblia (1 Co 6.1-6). Mas a conduta imprópria e as heresias amplamente
propagadas, mediante TV, rádio e Internet, ultrapassam os limites
denominacionais e merecem refutação bíblica, igualmente pública, com ética,
mansidão e temor, por parte da Igreja do Senhor.
Silas
Malafaia, além de defender abertamente a teologia da prosperidade, costuma não
economizar nos impropérios, ao responder aos seus críticos. Há alguns meses, por
exemplo, ele concedeu uma entrevista à revista Igreja e deu uma resposta
que o tornou repreensível, à luz da Palavra de Deus. Peço a todos que admiram
esse renomado pastor que não vejam este artigo como um ataque pessoal. Atentem
para as referências bíblicas que vou citar e as considerem como palavras
inspiradas do Senhor que se aplicam a todos que o servem.
“O
senhor está sendo duramente criticado pelo setor mais conservador da igreja por
causa da teologia da prosperidade pregada por alguns convidados de seu programa,
como Morris Cerrullo e Mike Murdock. Como o senhor responde a estas criticas de
que a teologia da prosperidade não tem base bíblica e é uma heresia?” —
perguntou o entrevistador, da revista Igreja.
Antes de
discorrer sobre a resposta de Malafaia, é importante corrigir duas coisas na
pergunta acima. Primeira: não é somente o setor mais conservador da igreja que
critica Malafaia por causa da teologia da prosperidade. Não se trata de
extremistas combatendo extremistas. Na verdade, todos os cristãos equilibrados,
que têm a Bíblia como a sua fonte primária de autoridade, são contrários à
falaciosa teologia da prosperidade. Outra correção: tal heresia não tem sido
pregada apenas por Morris Cerullo e Mike Murdock. O próprio entrevistado é um
dos seus propagadores.
Vamos à
resposta do pastor Malafaia: “Primeiro quem fala isto é um idiota!
Desculpe a expressão, mas comigo não tem colher de chá! Por que quando é
membro eu quebro um galho, mas pastor não: é um idiota. Deveria até mesmo
entregar a credencial e voltar a ser membro e aprender. Para começar não
sabe nada de teologia, muito menos de prosperidade. Existe uma confusão e um
radicalismo, e todo radicalismo não presta”.
Quem
assiste às mensagens de Silas Malafaia, sabe que ele tem estilo próprio. Ele não
escolhe muito as palavras. Mas tudo tem limite. Aliás, nosso limite está na
Palavra de Deus. E o que está escrito em 1 Pedro 3.15? “Antes santificai a
Cristo, como Senhor, em vossos corações; e estai sempre preparados para
responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que
há em vós”.
Eu não
sou perfeito. Silas Malafaia não é perfeito. Nenhum de nós é perfeito. Mas somos
todos servos do Senhor. Qual é a recomendação do Senhor aos seus servos, em sua
Palavra? Em 2 Timóteo 2.24,25 está escrito: “E ao servo do Senhor não convém
contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;
instruindo com mansidão os que resistem”.
Que
mansidão e temor vemos em xingamentos a pastores? Alguém dirá: “O Silas é assim
mesmo. É o jeito dele. Eu o conheço há muito tempo”. Reconheço que cada um tem
uma personalidade. Mas, para que existe o fruto do Espírito, isto é, o Espírito
Santo agindo em nós? Para moldar o nosso caráter e mudar o nosso interior, a fim
de que sejamos astros nesse mundo tenebroso (Mt 5.13-16; Fp 2.14,15) e
demonstremos a todos que temos amor, humildade, verdade, alegria, paz,
longanimidade, justiça, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio,
etc. (Gl 5.22; Ef 5.9; 1 Pe 5.5).
“Há
casos em que é preciso botar pra quebrar. Não dou colher de chá para pastores” —
Malafaia poderá argumentar. Concordo, em parte. Jesus, o nosso paradigma (1 Jo
2.6; 1 Co 11.1; 1 Pe 2.21), realmente foi firme, quando necessário. Chamou os
fariseus de hipócritas e condutores cegos (Mt 23) e Herodes de raposa (Lc
13.32), bem como verberou contra os maus pastores de algumas igrejas da Ásia (Ap
2-3). Entretanto, Malafaia precisa reconhecer — não para concordar comigo — que
a sua resposta aos oponentes da teologia da prosperidade tem sido generalizante
e desproporcional.
Muitos
homens de Deus respeitadíssimos se opõem à teologia da prosperidade e ao
pensamento mercantilista de Mike Murdock e Morris Cerullo. São todos eles
idiotas que precisam entregar a credencial? O próprio Silas Malafaia, durante
muitos anos, foi um ferrenho oponente da teologia da prosperidade. Há,
inclusive, vídeos no YouTube que apresentam sua verberação contra essa heresia.
Mas ele não entregou a sua credencial de pastor nem voltou a ser membro para
aprender. Pelo que tudo indica, a sua mudança de crítico da aludida heresia para
propagador dela ocorreu por influência do telemilionário Murdock e
outros.
Concordo
que todo o extremismo é perigoso, como disse Silas. Não é porque sou contrário à
teologia da prosperidade que serei, por causa disso, favorável à teologia da
miséria. Afinal, a Bíblia diz que devemos nos contentar com o que temos, e não
nos conformar com o que temos (Fp 4.11-13; 1 Tm 6.8-10). Conformar-se é uma
coisa. Contentar-se, outra. Posso estar contente com um carro velho, pois o
contentamento vem do Senhor. Mas não preciso me conformar com isso, pois Deus
pode me dar um carro melhor.
Por
outro lado, é evidente que a teologia da prosperidade é uma aberração, à luz da
Bíblia. Por quê? Porque ela é reducionista e prioriza a prosperidade material.
Ela faz com que toda a mensagem da Bíblia gire em torno de conquista de
dinheiro, bens, riquezas. E induz o crente a supervalorizar as coisas desta vida
terrena e passageira, em detrimento das “coisas que são de cima” (Cl 3.1,2; 1 Co
15.57).
Sinceramente,
penso que o pastor Silas Malafaia é um grande comunicador, uma pessoa muito
influente. Gostaria muito que ele fosse mais equilibrado, coerente e adotasse
uma conduta em tudo pautada nas Escrituras. Lamento — lamento muito mesmo — por
ele ter abraçado a teologia da prosperidade e por usar impropérios contra quem
se lhe opõe. Se usasse os dons que Deus lhe deu e o seu carisma para pregar o
Evangelho de maneira contundente, com verdade (Jr 23.28), seria muito mais
respeitado por cristãos e não-cristãos.
Com
temor e tremor,
Ciro
Sanches Zibordi